17 de junho de 2025

Terça, 17/06/2025

 Eu chorei lendo textos antigos, não apenas por lembrar de como eu me sinto muitas vezes, mas principalmente porque não dói tanto mais.

Adiantou sim mudar para esse apartamento, a vida tem mais beleza e é mais leve aqui. Tem dias que eu sinto que eu não consigo fazer o que eu preciso, mas na verdade é porque eu tenho muita dificuldade de lidar com o desconforto. Acredito que estou sendo mais racional nesse ponto e percebendo que eu preciso apenas levantar e fazer. 

Mas o que tem de melhor aqui é que a vida não dói mais como sempre doeu. Aqui eu não me sinto tão sozinha, embora eu fiquei sozinha a maior parte do tempo, mas é que aqui eu encontro um tipo de afeto que me satisfaz. Seja na companhia de outras pessoas de fora ou quando o Pedro vem aqui no final do dia, eu sinto que não estou sozinha.

Hoje o Pedro não pode vir e eu estou bem. Fiquei levemente perdida e desnorteada, mas não estou me incomodando com isso, porque ficar aqui é bom e só de estar nesse sofá com essa luz baixinha já é muito bom e acolhedor. Eu estou me sentindo em casa aqui.

Ainda lido com sentimentos ruins e às vezes choro, mas de alguma forma encontrei o amor que precisava e por isso hoje estou bem. 

Hoje, palpavelmente, vejo esperança!

28 de março de 2025

Sexta, 28/03/2025

Mas afinal, quem eu quero ser?

Eu preciso saber como falar isso para Deus porque, por enquanto, eu só consigo pedir para Ele ver a minha bagunça e me ajudar, mas eu não sei no que ser ajudada. Espero que essa lista me organize para saber o que pedir, e me ajude a entender quais atitudes práticas eu preciso ter.

Se fosse para escolher entre qualquer coisa que eu quisesse ser, hoje eu tenho consciência que eu só preciso de vitalidade, de vontade de viver. Não só vontade de permanecer viva, porque isso eu tenho, eu estou sobrevivendo e tentando manter as coisas funcionando, mas eu queria mais, muito mais, de mim mesma.

Eu queria enxergar a vida com o olhar de quem sonha, de quem usufrui e vê beleza na vida. 

Não quero chorar o tempo todo como se eu fosse frágil e a vida cheia de desafios, eu quero ser forte, mas forte sem forçar, entende? Só passar pela vida e pelos desafios enfrentando e não me sentindo pequena e triste.

Eu quero viver a felicidade de cada momento. 

Eu só quero ser alegre, mesmo quando eu não estou feliz. 

Quinta, 27/03/2025

Me sinto vazia. Já teve vida aqui, mas foi por um breve tempo. Não adianta eu tentar lembrar do passado como se ele tivesse sido bom porque não foi. A maior parte do tempo eu me senti como eu estou me sentindo agora, na verdade pior porque antes eu não tinha com quem falar, ou achei que não tinha. Mas por um breve período de tempo eu tive fôlego, eu lembro.

Eu já trabalhei e estudei muito, mas eu sinto que eu empurrei tudo com a barriga. Só que em 2020 eu lembro, lembro muito bem, de uma Gabriela que deixou o desânimo de lado e fez as coisas mesmo assim. Mesmo sem energia e vigor eu estava lá. Não fiz tudo da melhor forma, como eu gostaria, mas eu estava me esforçando. Eu lembro que o Leonardo falou que faltava eu me esforçar um pouco mais, essas palavras ainda ecoam aqui.

Em 2022 também ganhei vida em algum momento e comecei a correr em direção aos meus objetivos. Eu emagreci, comprei roupas novas e me senti uma nova pessoa, mais determinada. Eu dei os meus primeiros passos em direção ao meu objetivo que era ser psicóloga clínica e abandonar o CLT. Só que eu ganhei todo o meu peso de volta e mais alguns quilos. Eu falhei.

Sinto que eu sou isso, um fracasso. Não existe uma crescente, é uma pequena montanha russa onde eu subo um pouco e logo desço, eu mal me levanto e já não consigo mais ficar em pé.

Eu não sei como sair daqui, não sei porque me falta força de vontade. Antes disso, me falta vontade, me falta saber o que desperta a minha parte adormecida, ou que nunca foi acordada.

Se eu fosse alguém que convive comigo de fora, eu já teria desistido, e é por isso que eu evito oportunar as pessoas com as minhas dores, porque eu não sei apenas conversar, eu quero a atenção e o afeto. Eu quero me sentir amada o tempo todo como se o meu corpo precisasse disso para funcionar, como se o meu coração não batesse sem amor, como se meus pulmões não puxassem o ar se não tiver alguém por perto me amando. 

Às vezes até beijar na boca é uma obrigação, porque eu queria ser ninada como uma criança que precisa de colo para dormir e que sem afeto o descanso não vem. Eu sinto que não sei ser mulher porque eu ainda estou presa no passado, esperando que alguém me olhe de verdade e me ame de verdade. Aquela mini Gabriela de cabelos loiros e franja, que mesmo muito pequena sustentava uma máscara de que estava bem, só precisava ser chamada para fazer parte de uma vida que funcionava, que saía e via o mundo lá fora, e não ficava só no sofá na frente da TV esperando a infância passar para que quando eu crescesse eu fizesse alguma coisa a respeito. Só que agora eu já cresci, mas nada mudou.

A minha mãe não me ensinou a viver porque ela não viveu, e o meu maior medo é me tornar como a minha mãe. Às vezes eu falo a besteira pra eu mesma que eu queria que a minha mãe fosse narcisista para eu não aguentar mais e dar um jeito de viver algo diferente, ser uma mulher forte forjada no fogo. O problema é que eu sempre fui colocada no lugar de incapaz, que até para fritar um ovo eu teria que deixar para que ela fizesse por mim porque não é assim que faz. O meu jeito é o jeito errado.

Meu Deus, como às vezes é insuportável carregar o peso da vida. O peso da derrota, do fracasso, de não ter brio para nada.

Tudo o que eu passei até aqui não me fez nem ganhar força de vida nem que seja pelo ódio, mas nem ser muito problemática a ponto de alguém se preocupar, e assim a minha dor passa como invisível porque ela não parece tão preocupante assim, mas aqui dentro dói e me aprisiona.

Eu não sei mais o que fazer para buscar esse amor que eu não sei nem dizer como ele é. Eu não quero colocar isso em cima de outras pessoas porque eu já sou dependente demais do incentivo e aprovação dos outros para oportunar ainda mais as pessoas.

E no meio disso tudo, eu nasci razoavelmente bonita e com um jeito que alguns consideram meigo, então eu sei disfarçar muito bem que eu sou alguma coisa, mas no final do dia só sobra esse vazio, essa pessoa que não é nada.

Não adianta eu mudar para aquele apartamento que eu sempre sonhei e sair desse quarto que tem um chão que sempre me acolheu quando eu estava triste, que sempre foi o meu lar e onde eu sempre orei desesperada porque eu não conseguia suportar tanta tristeza e solidão. O chão que eu ficava deitada chorando com os gritos abafados no travesseiro porque se não meu pai acordava e me batia, minha mãe também. 

Eu já chorei na porta do quarto deles querendo que a minha dor fosse ouvida, na tentativa de ganhar colo ou alguém perguntar porque eu choro tanto assim, mas eu sempre ganhava, depois de horas, umas palmadas e uma ordem para ir deitar logo. Ninguém quer ser incomodado com a minha tristeza, e eu entendo porque eu mesma não quero.

Só que eu sempre fui muito pequena e sozinha, minha oportunação parecia ser tanta que eu merecia apanhar mais do que o meu irmão que faz escândalo na frente de casa, bêbado e drogado, porque o meu pai não quer se meter, mas comigo ele se metia, porque o meu problema foi ser meio termo, alguém que não é tão problemática assim, mas também alguém que incomoda.

Não adianta eu mudar para aquele apartamento e levar essa tristeza comigo no peito. Hoje mesmo eu pensei onde seria o canto que eu poderia chorar sem que o meu marido me tratasse como a adulta que eu sou, porque na verdade eu não sou. Eu sou a mesma menina que chora na porta do quarto querendo carinho e implorando para Deus para que os pais parem de brigar tanto. O tempo só passou, eu só envelheci, eu não amadureci em nada. 

Não adianta me encontrar em algum lugar e me tratar como uma mulher porque eu só vou fingir que eu sou uma, porque eu preciso de pessoas por perto para aquela dor conhecida não atravessar o peito como se tivesse me matando e me deixasse sangrando no meio de um lugar público e cheio de pessoas.

Talvez se eu emagrecer e me vestir bem eu seja ainda mais aceita e admirada, ou talvez o meu noivo me olhe com olhar de apreciação. Não é sobre ser abandonada, na verdade ficar sozinha seria o caminho mais fácil - mesmo doendo muito aqui dentro, mas é sobre causar admiração. Só que desse jeito que eu estou vivendo, com essa autocomiseração, fica difícil causar encanto para os olhos de quem me conhece a fundo.

Eu não sei como falar, eu não quero falar, eu quero me resolver e aparecer lindamente como uma borboleta que finalmente rompeu o casulo e agora sabe muito bem como viver como a adulta que ela é. Eu quero fazer parte de verdade, porque eu fui considerada por combinar, e não por dó. 

Não preciso me resolver sozinha, o problema é que todo mundo que estende a mão eu quero amor e carinho incondicionais, e aí a criança aparece. Não consigo virar uma adulta com a ajuda de outras pessoas.

Eu estou muito cansada e dá vontade sim de não viver mais, mas eu vou continuar aqui, então não precisa se preocupar porque independente de qualquer coisa eu vou ser sempre a garota inofensiva, nem tão problemática, mas também não tão bem emocionalmente. Mas não precisa se preocupar, eu vou me esconder no banheiro para chorar, naquele apartamento novo mesmo, porque eu aprendi desde muito cedo que no banheiro é o melhor lugar para isso.

Eu espero ter um desfecho melhor, que Deus me ajude. 

24 de outubro de 2023

Terça, 24/10/2023

 Parece que eu estou andando em uma areia movediça. Algo me puxa pra baixo, mas eu só não afundei porque tenho colocado força para permanecer na superfície.

Eu tento sorrir sempre, é agradável conviver com quem sorri, é bonito e charmoso ser assim. Tem vezes que meu corpo entra em economia de energia e o sorriso não vem, mas eu sei que isso é para manter minhas pernas em movimento.

Eu já não tenho mais idade para não sair do lugar apesar do que me puxa pra baixo. Agora é reunir formas para sair de vez da areia movediça. É aplicar mais energia, bem mais do que eu tenho para gastar. Vai ver isso que é ser adulto.

10 de outubro de 2023

Terça, 10/10/2023

 Lidar com o luto de não ser perfeita é muito difícil. Dói visceralmente não ser o bastante, nunca, em nenhuma área. 

Tenho lido um livro que fala sobre isso, a nossa incapacidade de cumprir todos os requisitos que nos livram da culpa. É impossível, porque viver é se sentir culpado e elaborar mecanismos que tentam nos livrar dela. Ela é intrínseca ao ser humano, é uma das marcas de ser gente.

Mas dói.

Dói porque nós queremos ser o bastante. Chega a ser negligente com Cristo crucificado cobrar isso de nós e dos outros, porque ele é o único que foi o bastante, o único realmente suficiente. A única coisa que podemos esperar de nós e dos outros é pecado, erros e mal entendidos. Isso não é motivo para não nos relacionar, mas sim nós relacionar sabendo que é mais sobre o que fazemos, que é amar, do que esperar o que o outro pode fazer. 

Eu não sou o centro do mundo e nem da vida de ninguém para esperar que as minhas expectativas sejam atendidas. Isso é Deus me mostrando que é menos, bem menos, mas bem menos de mim, e mais dele, do amor e sacrifico dele.

Eu ainda não aprendi sobre o que eu acabei de escrever. Que Deus tenha misericórdia de mim e me ajude com isso. 

2 de outubro de 2023

Segunda, 02/10/2023

 Eu amo um garoto chamado Pedro da maneira mais racional e emocional que eu poderia amar alguém. Eu não sei se você já se sentiu assim por alguém em algum momento da vida, mas eu amo o Pedro de uma forma extremamente segura e confortável. É como se eu tivesse o aval para amar ele sem receios. Eu sei que ninguém é tão confiável assim e não podemos colocar a mão no fogo por ninguém, mas se eu ficar só nessa preocupação eu deixaria de amar ele com leveza. Por ele eu sei que vale o risco de me machucar.

É engraçado porque se você ver ele, ele é pequeno. Não pequeno de uma forma ruim (COM CERTEZA NÃO É DE UMA FORMA RUIM), mas não é do tipo que eu imaginava, sabe. Eu me imaginava com um cara grande (sinceramente não faço ideia do porquê), mas graças a Deus o Pedro não é grande. Ele se encaixa perfeitamente no meu abraço, porque eu também sou pequena (hehehehe). Não é só isso, ele se encaixa na minha vida de um forma que me provoca uma emoção que eu não consigo descrever - acho que é essa a sensação de saber que você recebeu uma benção das grandes. 

Pedro Henrique Mamoré Kamers, você encaixa no meu dia, na minha casa, nos meus sonhos mais secretos do coração, na minha rotina, nas minhas relações com outras pessoas, nos meus momentos de silêncio, nos meus momentos de falação, nos meus momentos de choro, nos meus dramas, nos meus melhores dias, nos meus piores dias, nos meus dias corridos, nos meus dias ociosos… você encaixa do meu lado, você encaixa indo na frente e desbravando mares. Até seus piores defeitos encaixam no que eu posso, e aceito, aguentar. 

É engraçado porque ele também é grande. Não fisicamente grande, mas grande de um jeito que preenche tudo o que precisa e com abundância. Ele é bençãos que vão além do que eu poderia pedir. Ele é coragem, exemplo de fé, esforço e confiança. Ele é HOMEM, muito antes de ter idade pra ser, muito antes de ter cara e barba pra ser chamado assim. Ele é gigante de formas complexas demais para explicar. Quando eu vejo ele aguentando horas de trabalho árduo, ele é gigante. Quando eu vejo ele ouvindo minhas reclamações e fazendo de tudo para moldar a sua rotina corrida nas minhas necessidades emocionais, ele é gigante. Gigante porque eu não sei como ele consegue, ele é agraciado demais por Deus pra conseguir equilibrar tantos pratos.

Pedro, não é possível que seja fácil ser você, mas não ache jamais que nada disso não vale a pena, porque tudo isso que você constrói na sua vida está te tornando algo tão incrível e maravilhoso que eu não consigo achar palavras para dizer.

Eu quero passar o resto da minha vida com você, eu quero acompanhar todos os seus dias, os bons e os maus, todos eles. Eu simplesmente te amo, eu escolhi isso, por isso não tenha medo, eu vou estar aqui sempre.

Segunda, 02/10/2023

 Vontade grande de pedir demissão do meu emprego. Nunca imaginei dizer isso, mas me parece que esse trabalho é uma pedra no meu caminho. Parece injusto eu dizer isso, deixa eu me retratar antes.

Eu sou muito grata por esse trabalho, de verdade mesmo, porque pude realizar pequenas coisas que a minha criança interior sempre quis. Eu lembro quando eu tinha 10 anos e todas as roupas que eu tinha eram duas calças, que eu tinha ganhado da minha madrinha de aniversário, e duas blusinhas que minha mãe tinha pego na sessão de 9,90 da Havan. Um tênis de corrida, que eu usava para ir para a escola e todos os outros lugares, e uma sapatilha. Esse era meu guarda roupa. A pequena Gabi iria se emocionar em ver que roupa agora é o que não falta. Se eu precisar de alguma coisa, eu posso comprar. 

Hoje eu fui no Madero. Escrevendo esse pequeno texto lembrei que na faculdade eu levava arroz e feijão para comer no intervalo porque eu não tinha dinheiro para comprar um salgado. No final, a ideia de jantar de verdade foi sendo disseminada até que meus outros colegas passaram a jantar de verdade junto comigo. Não era ruim naquela época, mas era um tempo onde eu não imaginava comer Madero em um almoço qualquer de segunda sem me desesperar porque ia impactar demais no orçamento. 

Caro emprego atual, obrigada! Você tem sido instrumento de Deus para trazer abundância. 

Eu ia escrever outra coisa - acho que todos aqui percebemos não é mesmo - mas eu só queria dizer que eu amo esse emprego que eu odeio. Obrigada, Senhor, por ser sempre o meu sustentador em coisas grandes, assim como nas boberinhas do dia a dia.

Depois de dito isso, quero me lembrar, do que eu tenho medo? Por que pedir demissão é algo tão assustador se na verdade parece que eu só estou em uma crescente? 

Já achei a resposta! Porque a minha crescente não alcança a de muita gente - oi querida comparação! Que Deus me livre do olhar que me faz enxergar a vida maquiada de outras pessoas e não os Seus olhos de amor que sempre estão sob a minha vida, cuidando de cada detalhe.

Obrigada, Deus. Me perdoa reclamar das suas bençãos infinitas.

Te amo emprego, mas temos que conversar seriamente sobre o futuro da nossa relação.