17 de fevereiro de 2013

Sexta-feira, 04/01/2013



Hoje pensei em você. Não que eu não tenha pensado os outros dias, mas hoje pensei com mais frequência e mais intensamente. Acho que a culpa disso é o clima de outono que chegou na cidade desde o último dia de 2012. Você ia adorar. Tudo isso me deixou com vontade de unir nossos corações, amarrar, fazer um laço apertado pra que não se separem tão fácil. Então, fui descarregar meus sentimentos no papel - você sabe, eu adoro fazer isso - mas o resultado não ficou como eu esperava. A parte colorida ficou boa, o borrado proposital, a mistura das cores até chegar no tom desejado e a aparência desleixada. Porém, quando eu coloquei o pincel com nanquim sobre o desenho já vi que não ia dar certo, mas a gente tem essa mania de continuar com algo que não tem futuro. Como se não bastasse a tinta preta não ter combinado com o desenho, acidentalmente borrei o primeiro coração com o dedo mindinho. No outro o estrago foi maior. Ansiosa como eu sou, não esperei a aquarela secar o que fez a tinta preta se espalhar e borrar tudo. A principio, fiquei com vontade de rasgar e jogar no lixo, mas prometi que veria o lado bom de absolutamente tudo que acontecesse comigo – você ainda não sabe, mas costumo ser muito fiel a mim mesma.

Planejei um desenho bonito com algumas imperfeições planejadas, mas as vezes eu esqueço o quanto sou inexperiente e nem sempre as coisas saem como eu idealizo. Entretanto, eu continuei contornando porque sempre dou um jeito de extrair algo bom. Apressar o contorno do segundo coração foi um erro. Para mim, esperar a hora certa é uma atitude sábia, mas como eu, preste a completar dezessete anos, posso esperar uma atitude sábia de mim mesma? Esses pequenos problemas que aconteceram são tipicamente coisas do coração – e que ironia eu ter desenhado justo dois corações. Essas imperfeições trouxeram graça e vida ao que no começo chamei de “canson desperdiçado” mas que acabou se tornando um desenho recheado de significados.


Mas, sem mais enrolações, aqui estou eu, com meu coração borrado, manchado, imperfeito, cheio de marcas e significados, com toda a minha pressa e inexperiência, voltando ao sentimento que tive inicialmente, por mais sem futuro que possa parecer, e te pergunto, porque prometi a mim mesma que perguntaria: deixa eu conectar meu coração ao teu?

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